segunda-feira, 4 de maio de 2009

De Manaus à Caracas

2 de maio de 2009

A chegada em Manaus foi caótica. Não tínhamos tempo para esperar carona dos aviões de carga da aeronáutica, e, no ônibus me roubaram a câmera, junto com o canivete e os cartões telefônicos. Perdi todas as fotos da viagem de barco. Já que o ponto negativo é tão óbvio, o positivo é que não tenho mais nada para roubarem além de um celular que no Brasil não vale mais de R$20,00. O canivete sim, não dá pra ficar sem e tive que comprar outro.
O primeiro dia passamos, eu e Laura, na casa de minha avó. No segundo fomos pra casa do CS para ir de manhã até o posto, pedir carona até Boa Vista. Chovia muito. Desde às 7h no posto, às 14:20 conseguimos uma carona direto, com 3 militares da aeronáutica que levavam o carro ao coronel. Foram semeando latinhas de cerveja pela estrada toda.
Atravessamos a reserva indígena de Waimiri, que em uns 100km entre a fronteira de AM e RR está distruída. Chovia, ainda. As placas na estrada diziam para evitar parar nas terras indígenas.
Chegamos à Boa Vista às 2h da manhã e fomos para um hotel. No dia seguinte, fui tomar a vacina para cruzar a fronteira (que devia ter sido tomada 10 dias antes) e ficou tarde para pedir carona.
Tomamos um ônibus até Pacaraí, na fronteira, do lado brasileiro, e de lá cruzamos a pé. Felizmente não me pediram a carteira de vacinação. Começamos a pedir carona, e um boliviano nos levou a Santa Elena, onde passamos a noite numa "cabaña".
Na fronteira, me fizeram o câmbio mal e perdi pelo menos 100Bol. Valeu para aprender a se informar antes.
De manhã, "a la cola" (de carona) de Santa Elena a caminho de Caracas. Os primeiros nos deixaram a uns 25km no posto da polícia, e começaram a dizer, muito bêbados, que lhes havíamos prometido 80Bol quando a passagem direto a Caracas seria 115Bol. Os policiais não se meteram, e depois se aproximaram, conversaram, nos deram água e nos conseguiram uma carona até Upata, uns 500km mais.
Depois de alguns Kms, o carro morreu, e o homem descobriu que lhe haviam roubado gasolina em Sta Elena. Me explicou que roubam para vender a brasileiros por 3Bol. Ficamos na estrada até que alguém o levou ao posto mais próximo e outro o trouxe de volta. Depois disso, ainda ficamos sem bateria e tivemos que empurrar. Beber e dirigir não é problema por aqui. O motorista tinha uma garrafa de Chivas, quase vazia, e mostrou ao guarda, que lhe sorriu com cumplicidade.

3 de abril de 2009

Acabamos atravessando a Venezuela de carona, mesmo sem essa pretensão. Depois de chegar a Upata, pedíamos carona até o terminal mais próximo, a 15 minutos, e nos deram 2 meninos que iam a Méridas, passando por Caracas.
Atravessei o Brasil e a Venezuela com uns R$200,00, ainda comprando algumas inutilidades que agora evito. Com passagem gastei os R$16,00, de Boa Vista à fronteira.
Ao sul da Venezuela está o que chamam de "Gran Sabana", cheia de rios e cascatas de água transparente. Depois vem a "sierra", coberta de floresta tropical.
Atravessamos o rio Orinoco já à noite em Puerto Ordáz. É volumoso e extenso como os da bacia amazônica, e o porto tem grande importância econômica.
Chávez, e as palavras "Gobierno Revolucionario Bolivariano" e "Vota si" estão por toda parte: nos muros, nos altdoors, nas camisetas, de sul a norte. Passamos por uma plataforma de petróleo que tinha um letreiro colossal com a frase: "Patria, socialismo o muerte".
Caracas está entre as serras, e é linda, enorme.
As estradas são estatais e muito boas. Mesmo quando não duplicadas, são muito bem sinalizadas. Para atravessar o país passamos por 2 pedágios que não cobravam mais que 5Bol. A gasolina é barata, o transporte coletivo, telefone e internet também.
Sem conseguir lugar para ficar em Caracas pelo CS (era final de semana prolongado e estavam todos na praia), passamos uma noite em Los Teques, periferia de Caracas, num quarto que dividimos com os meninos que nos deram carona. Seguimos hoje para Chichiriviche, um "pueblo" no litoral.
Tivemos a sorte de escutar um discurso de Chávez na TV enquanto arrumávamos a mochila para sair do hotel. O que eu me lembro de mais fantástico e acho que sempre vou lembrar: "Deixem de assistir a novela, leiam!". Claro que depois ele indicou livros socialistas, falou mal do capitalismo e sobre a contagem de tempo imposta pelo capital, sobre a desumanização. Estar no meio desse povo, ver essas "villas", essa violência de perto e escutar o discurso possibilita entender melhor o "mito" Chávez.
Hoje é aniversário da Laura. Comprei bolo no café da manhã e passaremos o dia todo viajando.

2 comentários:

  1. sei lá lu... você é foda, rsrsrs.
    beijão. boa viagem. tudo de bom. lembre dos amigos.

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  2. é isso ai............
    Depois quero todas as dicas pra fazer o role tbem..................
    Bjos, boa sorte e muito cuidado...........

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